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Banimento e regulamentação de IAs: deixamos as big techs irem longe demais?

Desde que o Chat GPT foi disponibilizado para o público geral, diversos setores da sociedade manifestaram preocupação e indicaram possíveis problemas relacionados ao uso sem restrição da inteligência artificial. No setor educacional, por exemplo, especialistas argumentam que a ferramenta atrapalharia a aprendizagem de crianças e adolescentes que podem usar o chat GPT para realizar tarefas escolares. Mas a conversa ganhou uma camada adicional nos últimos dias quando a Itália decidiu bloquear o site em todo o território nacional.

O sistema de proteção de dados da Itália indicou que, dentre outros problemas, a empresa responsável pelo chatbot, OpenAI, não conseguiria comprovar a idade de quem utiliza a ferramenta e, por consequência, não barraria o acesso de jovens a conteúdos inapropriados. O governo italiano deu 20 dias para que a empresa apresente soluções.

Este caso traz à tona um tópico antigo: a regulamentação de novas tecnologias. Escândalos envolvendo big techs e representantes da sociedade não são raros, talvez você se lembre o emblemático depoimento de 5 horas de Mark Zuckenberg ao Congresso americano quando a empresa admitiu erros em um enorme vazamento de dados.

Para Roger McNamee, um dos primeiros investidores do Facebook, há quatro pontos essenciais a se pensar quando falamos em regulamentar tecnologia e o primeiro deles é justamente a segurança. Colocar o produto no ar é, muitas vezes, mais importante do que pensar na segurança dos usuários, a filosofia do mínimo produto viável (ou MPV) pode disponibilizar uma plataforma que perpetua questões estruturais da sociedade, para ilustrar a questão, McNamee cita para a revista Times o fato de que inteligências artificiais reproduzem vieses de gênero e raça. Para ele, além da segurança é preciso levar em consideração privacidade, a falta de concorrência e dados que hoje não são auditáveis, como os de publicidade.

Ainda não conhecemos o fim da novela OpenIA vs governo italiano, mas não é onde acaba a discussão sobre regulamentação. O trabalho de grandes empresas de tecnologia impacta diretamente a sociedade e deve ser observado de perto por cidadãos e seus representantes públicos.